Méritos, Truques e Habilidades Populistas

Os três anos mais conturbados da vida do autarca de Gondomar, contados em 200 páginas pelo seu ex-assessor de imprensa. Uma reflexão sobre o populismo e sobre o estado da política portuguesa... um verdadeiro manual sobre como ganhar eleições em Portugal

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Excertos de um dos episódios do livro

BUSCAS DA PJ NA CÂMARA MUNICIPAL DE GONDOMAR

(...)


Gostaria de deixar claro nesta análise que não sou de opinião que os assessores ganham eleições, nem que as sofisticadas máquinas de campanha fabricam votos. Essa ideia, que agora os partidos políticos parecem ter comprado levianamente, apenas lhes pode trazer desilusões, como as que Luís Filipe Menezes comprou. A mediatização artificial de figuras públicas, com a sua exposição permanente, a propósito da mulher, do gato ou do carro, quando não existir motivo político válido, acaba, invariavelmente, mal.
Os portugueses já deram provas suficientes de se estarem nas tintas para a vida privada das pessoas, sobretudo, quando o que esperam dessas pessoas é que sirvam o bem público. Foi assim
com Sá Carneiro, com Santana Lopes, com José Sócrates… Já era tempo das máquinas de imagem, que como por encanto prometem votos, deixarem de criar nos seus clientes a expectativa de que, por esse caminho, ganharão votos.
Isto não significa que considere que a comunicação seja despiciente. Bem pelo contrário. Aliás, com as regras, leis, directivas comunitárias, planos, regulamentos e sistemas de controlo e fiscalização que hoje existem, tanto ao nível governamental como autárquico, pouco mais fazem os políticos do que comunicar.

Só que, quem faz essa diferença perante o eleitorado tem que ser o próprio político, a sua sensibilidade e a sua capacidade em comunicar com os eleitores. Não somos por isso nós, os assessores, os homens do marketing ou da comunicação que construímos vitórias e distorcemos opiniões. A nós cabe-nos a modesta tarefa de entender a mensagem e ajudar a compatibilizá-la com a agenda mediática, por vezes a compactá-la, às vezes a endereçá-la, mas sem discuti-la excessivamente e, sobretudo, sem procurar liderá-la.
Cabe-nos, também, e essa será uma das nossas principais tarefas, colocarmo-nos na pele dos que escrevem e dos que votam, tentando antecipar, no sossego do gabinete, antes do discurso ou da conferência de imprensa, aquilo que será a reacção da opinião pública.



(...)


Num belo dia de 2006, como nos outros, levantei-me com tranquilidade. A tranquilidade possível de um assessor do Major, já que não era raro ligarem-me da TSF, da Antena 1, da Rádio Renascença ou de uma qualquer televisão às seis ou sete da manhã, pedindo acesso ao Major, para comentar esta ou aquela manchete. Cheguei, por vezes, a explicar que não dormia com o Major. Apenas era o seu assessor e, por isso, às seis da manhã, seria difícil que lhes pudesse dar uma resposta.
O mimetismo é, aliás, um dos piores vícios da comunicação social portuguesa, que ainda não absorveu bem aquela ideia universal transmitida pelos livros do jornalismo, de que a rádio anuncia, a televisão mostra e o jornal explica. Em Portugal não é assim. É mais: o jornal anuncia, a rádio explica e a televisão copia. Mas… adiante. Bem sei que a culpa desta inversão não se esgota nos próprios media. Nós próprios, os assessores, as fontes, e também os políticos, somos
solidariamente responsáveis por este caos informativo e perverso.
Mas, nessa manhã, isso nem aconteceu. Não acordei com o telefone, mas com o beijo da minha mulher e as meiguices do meu filho mais novo. Cerca das nove horas, ia já a caminho da Câmara e recebi um telefonema de uma jornalista da Agência Lusa:
– É verdade que a PJ está a fazer buscas na Câmara de Gondomar?



Naquele momento não lhe soube responder. Disse-lhe isso mesmo, prometendo ligar-lhe mais tarde e pedindo-lhe que aguentasse a informação mais um pouco. Ao chegar ao meu gabinete, verifiquei que, além da minha assistente, havia lá mais gente que não conhecia bem. Eram, efectivamente, nove inspectores da PJ. Os inspectores da PJ reconhecem-se bem, porque vestem-se de uma forma muito discreta, mas segundo os padrões de discrição de há 30 anos, o que hoje os torna facilmente identificáveis. Os blusões mal lavados, as calças de ganga coçadas, os sapatos fora de moda, as t-shirts pardas e as camisas aos quadrados, quando combinadas com a barba mal feita, dão-nos pistas fortes sobre a sua profissão… sobretudo se estiverem no nosso gabinete a revistar tudo. São ainda mais fáceis de identificar se um jornalista da Lusa nos avisar das buscas, antes mesmo de termos conhecimento delas…


Os computadores do Gabinete de Apoio ao Presidente e do gabinete do vice-presidente estavam bloqueados e havia inúmeros mandados de busca para cumprir. Pediam processos, documentos e procuravam contratos, fazendo, logo ali, procuras rápidas nos computadores, através de palavras-chave como Ambrósio. Desta vez não era o futebol que os motivava, mas vários processos camarários que levariam Valentim Loureiro e o seu vice-presidente a serem acusados pelo Ministério Público no decorrer do ano de 2008.


(...)


Obviamente, a secretária já tinha chamado Valentim Loureiro, que meia hora depois chegou à Câmara.
A sua postura foi de grande tranquilidade e até de humor. Quando viu que procuravam algo nos
computadores soltou uma gargalhada e, agarrando amigavelmente pelo braço de um deles, deixou claro:
– Meus amigos, eu sei o que vocês procuram, mas fiquem desde já sabendo que não existe disso aqui em Gondomar. Nunca existiu. Mas, mesmo que tivesse existido, já tínhamos deitado fora, não acham?
Esta afirmação foi seguida por um grito na direcção do meu gabinete, mesmo ali ao lado:
– NUNO!
Aí vou eu para junto do Major.
Quando cheguei junto dele, estava de braço dado com um inspector que ia afirmando:
– Ó Major, nós estamos a fazer o nosso serviço, compreenda.
Valentim Loureiro compreendia e ia acompanhando as suas palavras com uma cotovelada de vez em quando, como sinal de apreço e de simpatia pelo inspector:
– Eu sei, eu sei! Eu é que devia ser o vosso chefe, porque assim fariam mais o que é preciso fazer neste País e deixavam de perder tempo aqui com isto. Aqui não há nada do que vocês querem. Mas procurem à vontade, façam o vosso trabalho.

A boa disposição deu então lugar a uma cara mais séria quando se virou para mim. Na presença de três ou quatro inspectores que ali estavam, perguntou-me, fazendo questão que ouvissem:
– Nuno, já te ligou algum jornalista sobre isto?
Eu disse-lhe a verdade, como sempre, que logo pela manhã, já se sabia. Primeiro a Agência Lusa, depois a Antena 1 e a Rádio Renascença queriam a confirmação da notícia e um comentário. Acto contínuo, ordenou-me:
– Então chama aí os gajos que eu vou dar uma conferência de imprensa. São 10 horas? Falo às 11.

Não consigo descrever a expressão dos inspectores da PJ, que, nesse instante, deixaram a postura simpática que tinham tido até ali. Um deles ainda apelou:
– Não faça isso, ó Major!
– Querem show-off, vão tê-lo – reforçava Valentim Loureiro, soltando uma gargalhada que ecoou por ali.
Por muitas buscas que tenham feito nas suas vidas, terá sido a primeira vez que o arguido, alvo das suspeitas, perante a presença de nove inspectores da PJ, tenha ele próprio chamado rádios, televisões e jornais.



(...)


– Sim, eles queriam dar a notícia à maneira deles, assim dou-a à minha maneira. As televisões vêm cá?
Disse-lhe que ainda estava a pensar como iria fazer, mas se queria mesmo televisões, o ideal seria fazer às 13 horas e não às 11 e eu
tentaria garantir, entretanto, que SIC, RTP e TVI fizessem directos. Assim, evita-se o crivo do repórter.
– O Major fala em directo, eles levam com tudo o que disser – expliquei-lhe. Valentim Loureiro concordou que fosse em directo e a abrir os jornais televisivos das 13. Falei com as redacções das televisões e todas acordaram o directo. A notícia das buscas seria dada à maneira do Major, mais do que isso, pelo próprio Major e não por fonte próxima da PJ, como normalmente.
O insólito não terminaria aqui. Valentim Loureiro mandou depois resumir todos os mandados
que a polícia trazia, explicando sumariamente cada um dos processos, para distribuir à imprensa! Assim fizemos.
A cerca de 40 minutos das 13 horas, lembrei-me de um pormenor importante. Normalmente, as conferências de imprensa na Câmara de Gondomar são realizadas salão nobre. Ora, os inspectores, depois de recolherem pilhas de dossiês e meia dúzia de discos duros de computadores, instalaram-se no salão nobre para fazer cópias e outras diligências, como eles chamam. Logo afirmaram que precisariam de toda a tarde naquela sala, a maior que existe na Câmara de Gondomar.
Assim sendo, fui ao gabinete do Major tentando encontrar uma solução alternativa ao local da conferência de imprensa. Mas, o Major voltou a surpreender-me:

– As conferências de imprensa são no salão nobre, e esta também vai ser
A minha preocupação adensava-se…
– Mas estão lá os inspectores da PJ! – Lembrei-lhe.
Na maior das calmas, o Major descansou-me:
– Deixa comigo, eu trato disso.
Faltavam cerca de 20 minutos para as 13 horas, e tinha já à porta os carros de exterior das televisões e alguns fotógrafos, prontos para montar câmaras e passar cabos. Desci e expliquei-lhes que tinham que aguardar um pouco, pois o local onde ia ser a conferência de imprensa
estava cheio de inspectores da PJ. Ninguém acreditou em mim. Acharam que era só mais um dos meus acessos de bom humor, que sempre procuro ter nos momentos mais difíceis…
Subi, de novo, ao gabinete do Major.
– Os gajos já estão aí? As televisões vieram, pá? – Perguntou Valentim Loureiro já com a adrenalina que o cheiro dos microfones lhe traz.
– Estão, mas continuamos com aquele problema do local…
Foi nessa altura que Valentim me disse quase em segredo:
– Anda comigo, vamos tratar disso!
Através de uma porta existente no seu gabinete, que dá acesso directo ao salão nobre, entrámos.

Sorridente, perante os inspectores estupefactos, avisou com a sua voz de não deixar dúvidas a ninguém:
– Meus amigos, peço desculpa por interromper o vosso trabalho, mas eu vou dar aqui uma conferência de imprensa, daqui a pouco. Não demora. São só uns minutos.
Havia papéis e material informático espalhado por cima das mesas e das cadeiras e mesmo no chão. Olharam uns para os outros sem saber muito bem qual o procedimento a tomar. Certamente, não está nos manuais da polícia qualquer procedimento a seguir quando o arguido quer dar uma conferência de imprensa durante as buscas.
Um deles, com cara e bigode de chefe e a aparentar evidente falta de paciência, disse:
– Nós tiramos isto daqui…
– Não é preciso. Até podem continuar a trabalhar. Eu ponho-me aqui à frente, falo de pé e vocês continuam aí atrás sentados a trabalhar. Isso é que as televisões gostam. Dá uma imagem porreira, até para vocês, aí a trabalhar.
Os inspectores começaram a empacotar as coisas em silêncio e eu mandei os técnicos de imagem e som entrar para montar as câmaras e os microfones.
Seguiram-se alguns minutos de algum surrealismo, com inspectores da PJ a saírem, carregados de material, e jornalistas a entrarem, carregados de microfones e câmaras… Pedi para não recolherem imagens do show-off e que se guardassem para a conferência de imprensa, até porque, nessa altura, os polícias mostravam-se claramente incomodados e nervosos. Os jornalistas respeitaram o meu pedido.



(...)


Aos jornalistas, o Major explicou que se tratavam, ainda, de alguns processos correlacionados com o Apito Dourado, ou seja, assuntos apanhados na rede lançada pela PJ quando investigou os assuntos do futebol. Valentim Loureiro falou também em show-off da PJ, lembrando que os inspectores podiam ter, discretamente, pedido os processos em causa e revelou ter falado telefonicamente, minutos antes, com o sub-director da PJ do Porto, dizendo-lhe isso mesmo e manifestando o seu desagrado pelos métodos alarmistas da polícia.
Ou seja, o Major, perante a adversidade, deu uma pirueta, saltou para cima do palco, liderou a comunicação, reconstruiu a notícia, ainda antes dela estar escrita.
Não conheço mais ninguém com idêntica capacidade e que o faça com tanta habilidade. E tenho a certeza que os inspectores da PJ que ali estiveram, cumprindo zelosamente a sua função, se pudessem escrever um livro, também contariam este episódio.


(...)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Vem bem a propósito do momento que vivemos em Portugal por causa do Freeport... vejam o que escrevi, no meu livro, sobre as "teses da cabala"

"(...) Quero, por isso, deixar claro que desconfio sempre da tese da cabala, quando ela é apresentada como explicação para os fracassos pessoais e políticos de figuras públicas.
Desconfio sempre muito das queixas de um líder partidário que, a propósito de um escândalo sexual, vem alegar que a destruição da sua carreira política foi orquestrada pela imprensa ou por alguém que a manipulou e que, conscientemente, levou a que um conjunto de informações falsas fosse difundido. Desconfio sempre muito quando um Primeiro-Ministro acabado de ser demitido aponta aos meios de comunicação social as razões da sua desgraça. Desconfio ainda mais quando um
líder de um partido, perante o fracasso da sua própria política de comunicação, aponta aos opinion makers a razão do seu insucesso.
Mas, a política é mesmo assim. Políticos e partidos políticos procuram sempre explicar os seus fracassos com factores externos e nunca com a sua própria incapacidade. A imprensa é o alvo mais fácil quando não se quer atribuir aos adversários políticos o mérito de os terem destronado.
Reconheço que os jornalistas cometem muitos erros e muitos deles são pouco rigorosos, mas não acredito que isso seja consequência de campanhas intencionais organizadas ou iniciadas pela própria imprensa. Nem consigo imaginar os directores dos jornais e das televisões reunidos num restaurante discreto de Lisboa a congeminar acerca da próxima vítima a abater. Aliás, admitir isso seria atribuir à imprensa portuguesa um poder que, na realidade, não tem. E seria necessário que a classe possuísse um sentido corporativo que não tem e que está a anos luz de classes como a dos médicos, professores ou dos juízes, por exemplo. Por mais erros e inverdades que certos jornalistas cometam e por mais violenta, negligente ou intencional que seja a falsa informação difundida, ela não é suficiente para destruir uma figura política sólida. (...)"


"(...) O mundo da comunicação é, portanto, um pouco mais complexo do que parece ser. Tem os seus defeitos e virtudes, os seus bons profissionais e os parasitas do sistema, mas não pode ser o bode expiatório do fracasso de carreiras ou da desgraça alheia. Aliás, para além disso, não podemos estar à espera que a comunicação social nos sirva quando nos dá jeito e se torne surda e muda quando o assunto nos desagrada.
Enquanto fui assessor de Valentim Loureiro procurei sempre ajudá-lo a perceber tudo isto e que é a própria comunicação social quem tem que resolver estes seus problemas e não os políticos. Mas compreendi-o, quando me explicava que é complicado manter a paciência perante erros grotescos e sistemáticas faltas de rigor…

Outro conselho que por várias vezes dei a Valentim Loureiro, sobretudo antes de grandes entrevistas e debates, foi que nunca se afirmasse vítima de campanhas ou cabalas, isolando-se. Nesse aspecto, o Major esteve sempre de acordo. Aliás, Valentim não precisava que lho dissesse, pois ele entende, como ninguém, o funcionamento da comunicação social, as suas fraquezas e as suas virtudes. Alguns exemplos mais recentes de intervenções de Valentim Loureiro na comunicação social deixam-me, contudo, apreensivo. Certamente cansado e desgastado, o Major tem vindo a cair na tentação de identificar a imprensa e alguns jornalistas como os seus inimigos. Orgulho-me de ter conseguido evitar essa imagem durante o tempo em que fui seu assessor. Disparar publicamente contra este ou aquele jornalista, elogiar outros, porque pontualmente nos parecem ser mais sérios, não é um bom caminho. Por mais que lhe assista esse direito e por mais razão que sinta ter, não aconselharia a nenhum cliente esse princípio de actuação. (...)"

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O caso Freeport e o livro que escrevi

Já aqui escrevi que o caso Freeport me fez reler algumas coisas que escrevi no meu livro. Sobre o poder, que gera poder. Sobre o dinheiro que atrai dinheiro e sobre a qualidade da democracia portuguesa. Transcrevo hoje algumas passagens:

"Esse perfume do poder não atrai apenas o Major. Dos homens de poder que conheci, o que mais me intriga nas suas personalidades, regra geral, é o desapego pelas coisas que normalmente achamos serem as melhores da vida. Uma casa com jardim, umas férias fora de horas, um pequeno-almoço de surpresa em Paris, uma viagem à volta do Mundo, os melhores vinhos, os carros de sonho e, sobretudo, uma vida sossegada, longe do barulho e das preocupações, não são, para a grande maioria dos homens poderosos e ricos que conheci, um objectivo. O objectivo do poder, seja ele político, social ou financeiro, é sempre o mesmo: mais poder.
(…)
Se há varinha mágica nas mãos do Major, ela não é, portanto, o electrodoméstico, símbolo do populismo e do caciquismo que os distantes habitantes da capital lhe atribuem. A qualidade da democracia não se mede com mitos criados a partir de páginas soltas de jornais ou de inverdades tantas vezes repetidas que se tornam verdades insofismáveis e convenientes a uma classe política em franca decadência.
(…)
O esvaziamento do valor da pessoa como pessoa, das ideologias e da própria palavra, levaram o jovem sistema político português a um estado de morbilidade muito preocupante, muito agravado pela inconsciência do paciente. Há, pois, que reinventar a política portuguesa, com outros protagonistas que não estes e quando digo estes, digo todos, incluindo Valentim Loureiro. Como o próprio reconhece, o seu tempo passou. Tomara que todos os outros tivessem essa mesma consciência. O tempo deste sistema político, também passou.
(…)
Reparo, contudo, que ao longo dos tempos o Major se foi colocando a jeito para ser transformado num exemplo. Espero, contudo, que não passe pela cabeça da nossa classe política que pode espiar numa hipotética queda de Valentim Loureiro, os seus próprios pecados…"

domingo, 25 de janeiro de 2009

Reli passagem do meu livro a propósito do caso Freeport

Engraçado! Quando ouvi José Sócrates na primeira reacção ao caso Freeport, quinta-feira, ainda em Espanha, veio-me à ideia uma história que conto no meu livro, quando Valentim Loureiro foi denunciado em campanha eleitoral a propósito do caso da Quinta do Ambrósio. Hoje, o Major está acusado de crimes nessa investigação. Quem tiver curiosidade que vá ler, mas as semelhanças são assombrosas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Valentim Loureiro e as próximas Autárquicas

No livro que recentemente lancei, faço uma referência ao futuro de Valentim Loureiro e, nomeadamente, às próximas eleições autárquicas. Agora, que parece já assumido que o Major será candidato e quando no PS se anuncia também uma candidata (a deputada Isabel Santos), fui rever as palavras com que fechei o livro.
(…) Por tudo o que escrevi neste livro, e recorrendo ao pouco que conheço da história de vida deste homem, seria até muito fácil prognosticar, sem hesitação, uma nova vitória nas próximas eleições autárquicas em Gondomar, em 2009. No entanto, essas próximas eleições não estão ganhas ainda, nem as prevejo tão fáceis quanto as anteriores. Para voltar a subir ao palco dos microfones, entre as bandeiras da vitória, o Major terá que ser mais forte do que nunca. Terá que voltar a refundar os motivos da sua obra e da sua candidatura e a explicar, como nunca, a sua permanência na vida política. Mas, Valentim Loureiro terá ainda, e sobretudo, que saber escolher, com coragem, uma equipa inatacável do ponto de vista da seriedade, do rigor, da credibilidade e da competência. Caso contrário, arrisca-se a distanciar-se da varinha mágica que fez dele um mito autárquico que jamais Gondomar e o País esquecerão. (...)
Evidentemente que as candidaturas têm todas um valor próprio e intrínseco. Mas valem também em função umas das outras. E o Major tem tido a vida facilitada, já que os seus adversários têm sido pouco mais do que desconhecidos. E desta vez não será muito diferente. Isabel Santos é deputada, tem uma boa imagem em Gondomar e parece saber o que diz, mas a verdade é que a sua notoriedade é bastante baixa quando comparada com a do Major e isso conta numas eleições, sobretudo quando se quer tirar do poder alguém que já por lá está há algum tempo e até fez qualquer coisa.
Assim, tendo em conta estes dados novos, poderá dizer-se que, apesar de todo o desgaste, Valentim Loureiro ainda parte à frente para estas eleições. Este princípio não me leva, contudo, a esquecer a segunda parte da citação que faço do meu livro:
(…) Mas, Valentim Loureiro terá ainda, e sobretudo, que saber escolher, com coragem, mais do que nunca, uma equipa inatacável do ponto de vista da seriedade, do rigor, da credibilidade e da competência. (…)
E esta é a questão. Para quem está por fora, talvez seja simples colocar nos pratos da balança o peso do Major face ao de Isabel Santos. E talvez seja até simples prognosticar, apesar de todas as contrariedades, que Valentim Loureiro continua em vantagem. Mas para quem vive em Gondomar e sabe como funciona a política autárquica local, o maior problema da lista independente será a de se constituir a ela própria.
Dito de outra forma, se admito que muitos munícipes tenham “perdoado” ao Major alguns erros do passado (mesmo os judiciais), acredito que poucos lhe perdoarão a repetição, no futuro, dos seus piores erros políticos.
A constituição da sua lista é, por isso, fundamental para Valentim Loureiro, não pelo que poderá acrescentar de credibilidade nas suas escolhas, mas pelo sinal que nela poderá dar em relação ao futuro. E é o futuro que interessa aos eleitores, não o passado, por mais glorioso ou nefasto que ele tenha sido.
Numas eleições em que o Major dificilmente elegerá tantos vereadores como nas últimas autárquicas, Valentim Loureiro terá que deixar de fora dos lugares elegíveis alguns dos seus mais reconhecidos vereadores. E é nessa escolha que os Gondomarenses também saberão fazer as suas leituras acerca do que pode ou não ter mudado e sobre qual o futuro que querem para Gondomar.
Há dias, fiz uma apresentação do meu livro na Biblioteca Municipal de Gondomar. Valentim Loureiro não participou. Percebi, no ambiente de Gondomar, o incómodo que algumas das afirmações que faço no livro provocaram (nomeadamente, esta que sito) e percebi ainda que, afinal, o livro é mais comentado em Gondomar pelos agradecimentos que faço ou não, do que pelas afirmações mais frontais. Tudo maus presságios para Valentim Loureiro.

Quanto a Isabel Santos, o seu sucesso eleitoral (que não se esgota unicamente numa vitória) terá que ser alcansado pela via política e pela fragilidade que o Major evidencia quanto à constitituição da sua lista já que, como eu próprio disse na Biblioteca Municipal: "tentar afastar Valentim Loureiro pela via judicial é o maior elogio político que lhe podem fazer, e meio caminho para o perpetuar no poder".



FOTO: sessão de apresentação do livro na Biblioteca de Gondomar, com a presença do Vereador da Cultura Fernando Paulo, da directora da Biblioteca e do editor Jaime Cancella de Abreu (Prime Books).


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entrevista de José Sócrates à SIC

Quando quem entrevista percebe que o sucesso de uma entrevista está nas respostas e não em demonstrar que se sabe fazer perguntas inteligentes, a qualidade sobe. Não foi o caso. À semelhança de um caso que relato no livro "A Varinha Mágica de Valentim Loureiro", com Judite de Sousa a sentir-se na obrigação de desempenhar um papel que não era o seu, depois de algumas pressões de bastidores, hoje vi dois entrevistadores (mais um de que outro) mais preocupados em mostrar que estavam ali para fazer perguntar difíceis do que, propriamente, em obter respostas que acrescentassem ao que o público já sabia.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Boas Festas

Este blog foi uns dias de férias. Volto breve. Bom Natal.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Oferta de Natal




Se ainda não decidiu acerca das suas prendas de Natal, aqui fica uma (muito facciosa) sugestão. Para quem gosta de política e de comunicação e jornalismo, sugiro este livro e deixo-lhe o link para o poder comprar mais barato e recebê-lo em sua casa, sem custos de portes de envio. Este sábado, às 16 horas, vou estar na Biblioteca Municipal de Gondomar, onde o livro será apresentado.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sádado, dia 6 de Dezembro, às 16 horas

Apresentação do livro na Biblioteca Municipal de Gondomar, com a presença do autor e de Valentim Loureiro.

Vampiros e políticos... afinidades

No passado fim-se-semana, depois de ver um spot sobre uma alegada Associação de Vampiros pela Cidadania, coloquei no meu outro blog um post, perguntando se alguém sabia o que era aquilo (agora já sei que não é nada mais do que um teaser acerca de uma série televisiva chamada True Blood. Nos dias seguintes, as visitas ao blog oriundas do google, com pesquisas incluindo a palavra "vampiro", ultrapassou as 400/dia. Nunca os artigos sobre política ou banqueiros que ali tenho colocado tinham merecido tantas visitas, o que é bem demonstrativo do interesse de que goza a coisa pública nos dias que correm. E, no fundo: vampiros, banqueiros e políticos não deixam de ter muitas afinidades... todos desejam sugar-nos, até à última gota!