Méritos, Truques e Habilidades Populistas

Os três anos mais conturbados da vida do autarca de Gondomar, contados em 200 páginas pelo seu ex-assessor de imprensa. Uma reflexão sobre o populismo e sobre o estado da política portuguesa... um verdadeiro manual sobre como ganhar eleições em Portugal

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Lançamento é hoje às 19 horas, na Bertrand de Júlio Dinis, no Porto

A seguir ao 25 de Abril de 1974 ouvi muitas vezes uma frase própria de momentos de fractura nas sociedades: “quem não apoia a revolução é fascista”. Parece-nos, hoje, mais de três décadas depois, absurdo julgarmos assim, a preto e branco, um momento político e social tão importante como foi aquele. A revolução de Abril foi a cores. E cores garridas. De facto, não temos que ser comunistas ou fascistas. Podemos ser simplesmente críticos, analíticos. Desde que a comunicação social começou a noticiar o lançamento deste livro - A Varinha Mágica de Valentim Loureiro - que sinto uma grande ambivalência nos sentimentos que o rodeiam. Parece que os que detestam Valentim Loureiro já adivinham o que lá terei escrito. Assim como os que o adoram. Dá ideia que sabem mais do que eu sobre um livro que escrevi. É como se, na vida ou na política, apenas pudéssemos estar contra ou a favor, a preto e branco. Dito de outra forma, ainda antes da leitura, sem preconceitos, já me procuram atribuir segundas intenções. Não me admiro, porque, ultimamente, a sociedade portuguesa tem-se habituado a livros com segundas intenções. Aliás, diria mesmo: a livros sem primeiras intenções. Pode não se gostar do que está escrito em A Varinha Mágica de Valentim Loureiro. Não sei, sequer, se Valentim Loureiro terá gostado, de tudo ou de alguma coisa neste livro. Na verdade, escrevi-o sem essa segunda intenção. Sem nenhuma segunda intenção. Ao escrever sobre a minha experiência de comunicação, nos três anos mais conturbados da vida de Valentim Loureiro, tive uma única intenção (primeira e assumida): contar o que sei e interpretar o que vi. Modestamente, creio que, quem ler o livro, perceberá que vale a pena. Vale a pena, não apenas ler o livro, mas sobretudo, debruçarmo-nos um pouco mais sobre as explicações do sucesso - chamemos-lhe populista - de Valentim Loureiro. Como escrevo, Valentim Loureiro é um “case study” não estudado. É um vencedor incómodo que Portugal explica com "mitos". Quando o "mito" é, afinal, uma explicação fácil para um fenómeno que não se consegue entender. Reconhecendo as limitações do que escrevi, é o contributo possível, o que está ao meu alcance, para fazer um pouco mais pela vida política portuguesa. Uma vida que já não é nem a cores nem a preto e branco, mas que se fica, simplesmente, por um decrépito cinzento.

Depois de alguma hesitação, acabei por me limitar, praticamente, a ler este pequeno texto no lançamento do meu livro. Aceito, sobre o meu livro, todas as críticas... a quem o ler!

2 comentários:

Anónimo disse...

O preconceito está, de facto, a crescer na nossa sociedade. Vou ler o livro ante de te criticar... ehehehe. Amigo

Anónimo disse...

Agora abriste-me o apetite...
Sara Oliveira